Henrique Manuel Pereira: "“Pátria” de Junqueiro: confissão e contrição de um Povo"
Narrativa dramática, autocrítica de um país em busca de redenção, jogo de espelhos e desfile de espectros, a “Pátria” de Guerra Junqueiro desconstrói uma certa mitologia nacional. Sendo «um desses livros que marcam época no desenvolvimento literário dum povo» e «instante fundamental na evolução morfológica do intelecto português», “Pátria” é, na expressão de Sampaio Bruno, «como que “Os Lusíadas” da decadência». Obra singular na história literária e no imaginário português, “Pátria” terá algo ainda a dizer ao Portugal de hoje.
Remontando a ideia ao traumatismo nacional decorrente do Ultimatum inglês de 11 de Janeiro de 1890, o que viria a ser a “Pátria” começou por chamar-se Portugal no Calvário, enunciador já da íntima relação patriotismo-misticismo. No ano seguinte, na sequência do trágico desfecho do 31 de Janeiro, muda o título para “Agonia” e, pouco antes da publicação, para “Pátria”. Longo e laborioso parêntesis no conjunto da obra junqueiriana, contraria o processo criativo do poeta, sofrendo modificações, cortes, e reescritas no correr do tempo e das circunstâncias, entre 1890 e 1895.
Nota: Este conteúdo é exclusivo dos assinantes do jornal Observador de 31 de outubro de 2024.
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